Seu nome era Professor Pereira. Professor de matemática. Eu estava na 6ª série. Na primeira prova do ano, a maioria da classe tirou notas entre 0 e 2 pontos.
Ele apresentou os resultados e fez os seguintes questionamentos: o fracasso de notas tão baixas era dele ou dos alunos daquela sala?
Silêncio total. Não havia resposta. E se havia, melhor não respondê-la, pelo menos naquele momento.
Então, o professor começou a traçar metas com toda a classe para a próxima prova. Ele deixou bem claro que queria ver todos tirando 8, 9 e 10. Para o bem dele e para o bem de todos.
Mas, para alcançar tal sucesso era necessário algumas atitudes por parte dos alunos. Ele foi enumerando as tais ações que deveríamos praticar:
1- Prestar atenção nas aulas, levantar a mão e pedir explicação no momento que houvesse dúvidas.
2- Jamais ir pra casa com dúvida na cabeça. Se houvesse dúvidas que o procurasse em qualquer lugar da escola, até mesmo fora do horário de suas aulas, no corredor, na hora do recreio, nas aulas vagas, etc.
3- Ao chegar em casa, revisar a matéria, refazer tudo em um outro caderno. Se não tivesse caderno, que pegasse esses panfletos na rua( tipo propaganda comercial, santinho de políticos) e os utilizassem para os exercícios.
Todos entenderam o recado. E assim foi feito. Lembro-me de muitas mãos sendo levantadas para perguntar: professor, poderia explicar de novo? Professor, não entendi, por que esse número veio parar ai? Começei a perguntar também. Ele nunca se recusou a explicar de novo. Nunca demonstrou impaciência ou arrogância. Nunca gritou. Falava baixo.
Na próxima prova, ele permitiu que os alunos acompanhassem a correção. Formou-se uma rodinha em volta da sua mesa. A alegria era geral. As notas eram de 7 a 10. Eu obtive a primeira nota 8 na minha vida escolar.
Continuei seguindo as recomendações do professor Pereira por toda a vida. Sempre funcionou!