segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Diário de uma estagiária


Depois de ter conversado muito com a coordenadora sobre a caracterização da escola e a proposta pedagógica que a escola oferece, senti a necessidade de estar com os alunos numa sala onde pudesse observar a prática e colaborar com as minhas ações. Manifestei o meu anseio e ela imediatamente me levou até a sala onde eu ficaria a maior parte do tempo, no nível II, com a Profª Mônica, que me recebeu muito bem e disse que precisava muito de uma estagiária para ajudá-la e que estava muito feliz por eu estar ali. Já no primeiro dia senti que havia muito trabalho para fazer, pois percebi que os alunos apresentavam uma certa agitação e indisciplina. Começei a compreender o porquê da coordenadora ter me levado até essa classe.Havia muito que fazer e havia chegado no momento certo.
No decorrer do estágio, conversei com a professora sobre os alunos e ela me contou muitas coisas: que havia muitos alunos com problemas de comportamento devido ao histórico familiar complicado e desestruturado revelando problemas com a aprendizagem, que ela era a oitava professora do ano a estar com a classe, pois muitas professoras assumiam a classe, ficavam um mês, duas semanas e pediam a conta por não aguentarem a indisciplina das crianças. Obtive informação dos alunos que necessitavam de mais atenção, enfim, minha relação com a professora foi de muita troca de informações e o mais importante de muita cordialidade e amizade.
Todos os dias a professora estabelecia uma rotina de trabalho com os alunos tendo como objetivo situá-las no espaço e no tempo, ou seja, ela trabalhava a estruturação espaço–temporal. Geralmente ela construía a sua pauta de trabalho no roda de conversa, onde os alunos davam sugestões e tiravam suas dúvidas. Aliás, na roda da conversa ela explorava a fala das crianças, lia histórias de livros, mostrava as letras iniciais de cada aluno, marcava o dia do mês no calendário. Cada aluno falava um pouco sobre o que havia acontecido no dia anterior e às vezes alguns alunos contavam coisas não muito agradáveis de se ouvir, como por exemplo, que o pai havia batido na mãe, que o pai fora preso e assim por diante.
Depois da roda de conversa, a professora desenvolvia a atividade coletiva, onde era lançada a proposta de trabalho para a classe, geralmente era os cantinhos, a escrita dos nomes e do alfabeto, as montagem de letras,etc. Em seguida íamos lanchar, depois do lanche as crianças escovavam os dentes sozinhas, apenas uma ou outra criança precisava de ajuda. Começavam as brincadeiras e a correria pelo pátio. Depois desse recreio livre e gostoso, as crianças voltavam para a classe onde era proposta uma outra atividade tais como desenho, modelagem, pintura, colagem de figuras.
Pude observar que a Profª Mônica escuta as falas das crianças, dá atenção ao que elas falam, responde sempre de modo paciente as perguntas que são feitas pelos alunos, integrando a fala das crianças na prática pedagógica. Além disso, usa recursos didáticos de acordo com o que estiver disponível na sala com livros, jornais, cartazes, cartão com o nomes das crianças, lousa, brincadeiras com as letras. A professora sempre cuidou para que o ambiente fosse acolhedor, organizado e limpo.
Em relação a metodologia de trabalho, tudo é minuciosamente planejado no HTPC (horas de trabalho pedagógico coletivo). Tive o prazer de estar com a professora no HTPC, onde observei como é feito o planejamento semanal e como são feitas as atividades. As professoras se reúnem por níveis e preparam suas aulas seguindo o plano de ensino da proposta pedagógica da rede municipal.
Além das minhas observações diárias, procurei participar ao máximo das aulas, ajudando a professora com aqueles alunos mais problemáticos. Trabalhei individualmente com esses alunos fazendo as intervenções necessárias, principalmente na escrita do alfabeto e dos nomes, pois esses alunos tinham muita dificuldade em assimilar as letras.
Em relação à matemática, observei que a criança participa de várias situações que envolvem o raciocínio como contar figurinhas, marcar pontos, classificar objetos, repartir materiais. No estágio presenciei que a natureza lúdica e prazerosa dos jogos que a criança tanto adoram serve para afirmar que realmente aprende-se matemática brincando. Um exemplo é a cantiga: A galinha do vizinho bota ovo amarelinho, bota um, bota dois, bota três...Também houve momentos em que a professora aproveitou a conversa na roda para ler uma história de livrinho e contou junto com a classe quantas páginas havia o livro.
Em relação a avaliação, a professora considera que os critérios são apenas referências para saber o avanço de cada um, pois cada um tem suas particularidades. Ela nunca deixou de observar e colecionar a produção das crianças, pois permite saber com estão evoluindo e torna-se mais fácil preencher a planilha de desenvolvimento de cada aluno, além das observações diárias.
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Esse é um relatório que escrevi com base nas minhas observações no estágio supervisionado.
Nos meus tempos de estagiária, eu carregava um caderninho onde fazia minha anotações...e agora compartilho com vocês.
Abraços a todos.

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